Por uma dogmática da nesciência: elementos para uma epistemologia das incertezas aplicada ao direito administrativo
DOI:
https://doi.org/10.46818/pge.v6i3.377Palavras-chave:
Filosofia, Teoria do direito, Direito administrativo, Incerteza, Indeterminação, NesciênciaResumo
O texto procura traçar um panorama da incerteza e da indeterminação no direito administrativo, valendo-se para tanto da categoria da nesciência. Debate-se o que seria uma taxonomia adequada das diferentes espécies de incerteza, a partir da categoria unificante da nesciência. Destaca-se que são vários os graus e os tipos de incerteza; que as modalidades de não conhecimento são plurais; que as versões das carências e das recusas cognitivas são distintas. Enfoca-se o problema específico dos diferentes níveis ou perfis em que se materializa, abrangendo as figuras da nesciência do geral, do particular e das determinações. Enfatiza-se que o problema da (in)determinação do direito é apenas um dos níveis ou faixas em que o problema da nesciência encontra-se materializada. A indeterminação é apenas uma espécie, de um gênero correspondente ao desconhecimento ou nesciência. O argumento progride, para afirmar a necessidade de que a dogmática do direito encare mais seriamente o problema do desconhecimento, refinando os critérios de decidibilidade para enfrentar as situações, um tanto quanto habituais, quando não inerentes, em que esse problema se apresenta. Na base dessa reflexão, repousa a compreensão de que o direito administrativo é um campo especialmente fértil para esse tipo de discussão, considerando os tipos de problemas com que habitualmente a disciplina e seus estudiosos se deparam — problemas estes que raramente se circunscrevem ao domínio estritamente formal-linguístico.
Downloads
Referências
AQUINO, Tomás de. Suma Teológica, vol. IV. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2010.
AUGSBERG, Ino. Direito administrativo informacional: para uma dimensão cognitiva do controle jurídico das decisões administrativas. São Paulo: Editora Contracorrente, 2023.
ÁVILA, Humberto. Teoria da indeterminação no direito: entre a indeterminação aparente e a determinação latente. São Paulo: Malheiros/Juspodivm, 2022.
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
FERREIRA NETO, Arthur Maria. Paradigmas científicos formadores do direito tributário brasileiro: proposta para uma ciência prática aplicável à tributação. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.
KNIGHT, Frank. Risk, Uncertainty and Profit. Boston/NY: Houghton Mifflin Co., 1921.
LEAL, Fernando. Regulando a incerteza: a construção de modelos decisórios e os riscos do paradoxo da determinação. Revista de Investigações Constitucionais, vol. 3, n. 3, p. 215-226, set./dez., 2016. DOI: https://doi.org/10.5380/rinc.v3i3.48159
NOICA, Constantin. As seis doenças do espírito contemporâneo. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Bruno Felipe de Oliveira e Miranda

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Ao submeterem um manuscrito à Revista Eletrônica da PGE-RJ, os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral e autorizam a Revista Eletrônica da PGE-RJ a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional e identificar-se como veículo de sua publicação original.